O espólio lítico exumado da intervenção no Alto das Malhadas revelou uma grande diversidade de matérias-primas. Encontramos fragmentos de granito, quartzo e quartzito, que podem ser encon-trados nas áreas envolventes das sondagens, mas também seixos rolados, presentes na Foz do Rio Douro e Sabor. Deste material, apenas 1 machado de anfibolito, material com origem em zonas mais remotas e de recolha improvável no local ou nas margens dos rios próximos.

A análise preliminar permitiu identificar várias tipologias: blocos, denticulados, lascas, machados, mó, moldes, núcleos, percutores, pontas de seta, raspadeiras, raspadores, restos de exploração e seixos.

Um dos grupos mais representativos diz respeito aos objetos relacionados com a exploração de matérias-primas, incluindo núcleos e lascas. Foram identificados oito núcleos, geralmente mal organizados e pouco aproveitados em termos de extração, o que indica uma produção pouco cuidadosa. Apenas três destes núcleos apresentavam mais de quatro extrações, o que poderá sugerir o seu abandono deliberado, possivelmente devido à baixa qualidade da matéria-prima ou à facilidade de acesso a novos blocos na envolvente.
No que toca às lascas, foram registadas 88 peças, das quais apenas 25 mostram sinais de retoque. Esta diferença significativa entre o número de lascas e os núcleos associados levanta algumas questões: que destino terão tido os restantes núcleos? Porque foi tão reduzido o aproveitamento da matéria-prima disponível? E por que razão foram tantas as lascas descartadas sem retoque?
Uma explicação possível poderá estar na abundância de matéria-prima na zona envolvente, o que teria permitido uma produção rápida, não especializada, e muitas vezes sem necessidade de retoque. Estas peças teriam sido usadas de forma pontual no local e posteriormente abandonadas. No entanto, são necessários estudos laboratoriais complementares para confirmar e refinar estas tendências.

O conjunto formado pelas mós é composto por moventes e dormentes, uma delas tendo numa das faces um molde metalúrgico.
Das mós, num total de 25 unidades, conseguiu-se distinguir 9 dormentes (36%), 13 moventes (52%).
Não podemos deixar de destacar a grande concentração de mós na sondagem 02, em contraste com a sondagem 01, onde foi recolhida uma mó, reaproveitada para construir o molde metalúrgico.
Este apresenta dois negativos distintos, abertos na face inferior de uma mó dormente de vaivém.

Na sondagem 01 foi recolhida uma mó, reaproveitada para construir o molde metalúrgico. Este apresenta dois negativos distintos, abertos na face inferior de uma mó dormente de vaivém.
O molde granítico, compreende uma largura máxima de 31cm e uma extensão de 24cm até à fratura, com uma espessura média de cerca de 10cm.
Um dos negativos, apresenta uma morfologia idêntica à dos machados planos, com formas trapezoidais e laterais retas com 12,5cm comprimento, que culminam num gume levemente arredondado de 6,3cm e um talão com 2,5cm de largura. O segundo negativo, com uma morfologia mais dúbia, poderia destinar-se à produção de punções ou pontas de lança. Com dimensões sensivelmente mais reduzidas que as do machado, cerca de 11,4cm de comprimento e uma largura máxima de 3,5cm, apresenta uma secção triangular colmatada por uma nervura longitudinal central. O talão tem dimensões reduzidas, todavia o seu estado desgastado não permite identi-ficar uma morfologia concreta.
Os negativos não apresentam marcas de queimaduras relacionadas com o verter direto do metal, nem canais de alimentação ligados às extremidades.

A utensilagem lítica é constituída por um conjunto de dois denticulados, um dente de foice, dois machados, dois percutores, duas pontas de seta, três raspadeiras e três raspadores.